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20 maio 2015

Diana

Nascida num dia de chuva, 7 de julho de um ano qualquer terminado em sete, ela não era bem uma guerreira, nem uma princesa. Ela era comum. Ela tinha a mania de guardar sua coisas em caixas pretas mas pintadas de branco por dentro, guardava coisas claras como cristais e lágrimas, tinhas poucas coisas escuras que guardava enroladas em paninhos brancos.
Ela tinha uma boneca feita de imaginação, que mudava de lugar e forma, presença e tamanho. Tinha um vestido rosa para o ABC, um preto para o Luto e um amarelo para todos os dias. Gostava de tranças e floreios, só não gostava de mesmices, chatices e rodeios. Era espivitada e tranquila, um pequeno desvio na reta da vida, era um esquina pra rua nenhuma.
Tinha sete anos desde que nasceu, morreu aos setenta e sete, assim, sem viver nenhuma outra idade. Ela vive os dias deitada no meio da sala, iluminada por uma fresta de luz, abraçada a boneca, com sua caixa ao lado olhando para o lustre translucido por um cristal lilás.
Ela vive em um mundo paralelo, que ninguém mais vive, ela vive lá e cá, todos os sete dias da semana. Sete.
Ela gosta de coisas boas, limpas e decentes. Mas vive na casa de lenha queimada, nos móveis de granito negro e sabe muito bem que é noite lá fora.
Ela guarda sua lágrimas sempre, num potinho de vidro pra por na caixinha, quado é preciso ela usa por um bom motivo. Ela roda a sala toda o jardim os quartos os cômodos o quintal a noite o dia. As vírgulas ela também guarda, lhe lembram pontos finais tristes. Ela cava o ar, com colher de chá, espera achar o tesouro de alguma sereia do ar.
Ela coleciona tudo o quanto pode, para algum dia alguém achar.

06 abril 2015

Tempo de mim



A casa não faz nenhum barulho
Ela espera silenciosa
Como a esposa de um soldado que foi pra guerra
Nem a rua faz burburinho, nem os cachorros latem, nem os mendigos gritam
Todos atentos, ao barulho do relógio da minha alma
Que tic-taca no ritmo das batidas do meu coração
Queria pular o tempo
E te ver logo
Pra essa agonia da casa e do meu coração ir embora
E o tempo da minha alma voltar ao normal

17 fevereiro 2015

Inimputável

Não sou teu dono, nem posso sê-lo.
Não sou dono, nem de mim.
Não sou dono de nada que eu tenho,
Nem posso sê-lo.
Brincar de iô-iô, vai e volta.
Você é avião de papel sem rumo,
eu pedra de sabão,
eu papel toalha,
você, caleidoscópio.

Qual opção eu sou? Triste seria a amargura deixa,
na escolha de palavras,
no momento do agora.

05 fevereiro 2015

Telespectadores

É engraçado ver a vida dessa forma,
Você vive de arte, e,
de vez em quando, como que com uma imensa fome,
me procura,
para saciar tua fome, esse modo poético de viver,
em cenas, em instintos animais,
e antes que se pense, antes que se sinta,
teu corpo me liga, para se encontrar com o meu,
somos telespectadores dos nossos corpos em vício.
Amadores, sem noção de si,
vivemos assim, desligados, corpo e alma, diligentes e ambíguos.

27 janeiro 2015

Fada dos Dentes




Uma das piores coisas do mundo é estar presente 
e não fazer diferença nenhuma.
Não ser nada, nem um ponto e nem uma virgula, 
muito menos reticências.
Se sentir inútil. 
É umas das piores sensações, saber que é substituível.
Você quer ir embora, para um lugar mais calmo,
onde você é útil, você é útil a si mesmo, 
sem que ninguém espere nada de você,
então tudo esta tranquilo, você não se decepciona, pois tudo de novo é incrivel,
ninguém nunca conseguiu, você se superou. 
Não foi superado.
Você só é importante para você mesmo, 
as pessoas podem viver sem você.
As que sentem sua falta te usam de bengala emocional, 
podem se equilibrar em outra coisa.
Você não é nada pra ninguém.
Lembre de uma coisa extremamente importante pra você quando criança,
Onde ela está? Talvez substituida.
Então qual o motivo de viver?
Por que não vivemos para os outros, vivemos para nós mesmos.
Lutamos por nós e contra nós.
Os outros são distrações, pra tornar o caminho mais inesperado.
Seja você.

09 janeiro 2015

Gaiola de passarinhos

Corremos tanto, tanto. Tanto tempo.
Não temos tempo para nada alem de corremos, 
Por tanto tempo.
Nunca temos tempo, não queremos tê-lo, 
Se o tivermos, seremos obrigados a gasta-lo, com pessoas, lugares.
Coisas que queremos evitar e dai não temos tempo.
Eu estou sozinho, passando pelas dimensões, pelos sentimentos.
Tenho guardado tanto ranço, 
de tanta gente,
por tanto tempo.
É como ser um fantoche num teatro de bonecos.
Sabe, e por que isso? Por quanto tempo.